Grupo Ascenario e Rede Imersol – Avante com a energia solar

Texto de Ana Paula de Oliveira

Em outubro deste ano, a Apae de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, ganhou um importante aliado para a redução de custos: o sol. A instituição, que presta atendimento clínico,  educacional e social a cerca de 600 pessoas por mês, inaugurou seu sistema solar fotovoltaico, passando a gerar 100% de energia própria. Instalados no local, 57 painéis vão converter a luz do sol em aproximadamente 2,2 mil kWh/mês, levando a uma economia cerca de R$ 2 mil mensais.

A conquista é fruto da parceria com o Grupo Ascenario, uma das 11 pequenas empresas que participam do projeto Energia Fotovoltaica, do Sebrae Minas. Em curso desde junho de 2018, a iniciativa tem como público-alvo as integradoras de usina, como são chamadas as empresas que prestam serviço no setor de energia, com atuação em Belo Horizonte e Região Metropolitana.

“Essa é a primeira ação do Sebrae Minas voltada, exclusivamente, às integradoras, que representam o elo mais importante dessa cadeia pelo fato de se relacionarem diretamente com o nosso público-alvo”, explica o analista do Sebrae Minas Anderson Freitas. Ele ressalta que fortalecer essa ligação é uma forma de beneficiar também os pequenos negócios, como padarias, academias e lavanderias, que têm a energia elétrica como um dos itens mais sensíveis na composição das despesas. “Eles poderão encontrar no mercado integradoras mais qualificadas para auxiliá-los”, afirma.

  • Projeto do Sebrae Minas reúne integradores de usina para fortalecer a cadeia produtiva do setor.

PRIMEIROS PASSOS

Consultorias de estratégia empresarial, gestão financeira e marketing digital, cultura da cooperação, missão técnica à Intersolar – maior evento do segmento no Brasil, que permitiu diversas capacitações técnicas, networking e parcerias, um amplo programa de Eficiência Energética, conexões com o sistema creditício, articulações de governança/políticas públicas e processo criativo são algumas das ações já promovidas com o grupo. Um dos resultados mais recentes é a realização, em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), do seminário Minas Solar, em setembro passado. Reunindo cerca de 300 pessoas, entre empresários interessados na tecnologia, integradores em busca de qualificação técnica e investidores atentos às oportunidades do ramo, o evento teve a participação da Rede Imersol, embrião de uma Central de Negócios prevista para ser lançada em 2020, bem como permitiu a ampla integração de toda a cadeia produtiva solar fotovoltaica, com a realização de uma Rodada de Negócios entre os integradores de usinas, consumidores de empresariais de energia elétrica e instituições de crédito que fomentam o setor de energias renováveis.

“É preciso que cada vez mais pessoas conheçam essa possibilidade de energia limpa e renovável, que tem deixado de ser algo distante e inacessível” – ANDERSON FREITAS, ANALISTA DO SEBRAE MINAS.

“Começamos a prepará-los para uma possível ação coletiva, partindo de uma nova agenda de trabalho programada para os próximos dois anos. O grupo já avançou muito nesse quesito. Muito provavelmente a jornada culminará na Central de Negócios, estratégia importante para que eles possam buscar alternativas no mercado e fazer frente aos grandes concorrentes”, comenta Anderson.

O analista observa que o seminário cumpriu outro objetivo do Sebrae: disseminar informações relevantes. “É preciso que cada vez mais pessoas conheçam essa possibilidade de energia limpa e renovável, que tem deixado de ser algo distante e inacessível.”

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ATENÇÃO ÀS OPORTUNIDADES

Curiosamente, não foram os painéis fotovoltaicos que conduziram Diego Otávio Barbosa ao ramo de energia solar. Foi durante uma temporada vivendo em uma casa popular, enquanto aguardava a liberação do imóvel próprio, que ele teve o primeiro contato com uma das tecnologias, no caso, o sistema térmico, conhecido como aquecedor solar. “Via as vantagens todos os meses na conta, sempre muito baixa. Não tive dúvidas de que precisava instalar algo similar no meu apartamento. Partindo dessa demanda pessoal, comecei a pesquisar o mercado e acabei descobrindo uma oportunidade”, conta.

Já na casa nova, limitações impostas pelo condomínio impediram a instalação do sistema térmico. Mas o projeto seguiu, e a sala do apartamento tornou-se a “primeira sede” do que viria a se tornar o Grupo Ascenário Energia. Com duas unidades em São João del-Rei e futuros franqueados em Caxambu e Pedro Afonso (TO) – o processo de franqueamento já está em curso –, a empresa é especializada em serviços de aquecimento solar, showroom e eficiência energética. São mais de 600 clientes na carteira e 600 mil painéis fotovoltaicos instalados em estruturas comerciais e residências, além de organizações como a Apae, contemplada por uma das iniciativas de responsabilidade social da empresa.

“O Sebrae é meu parceiro desde o início e, quando soube da possibilidade de trabalhar com outros integradores, não hesitei em demonstrar interesse. Esse programa tem me proporcionado um aprendizado valioso”, afirma. Para ele, a troca de experiências é o grande diferencial. “Tenho conseguido reduzir custos de processo, acessar metodologias mais enxutas e ampliar a minha visão sobre eficiência energética, além de perceber novas possibilidades de ramificar a atuação por meio de licitações, por exemplo. Sem contar as portas que o respaldo do Sebrae e da rede Imersol abre.”

PARA IR ALÉM

Utilizar os métodos menos danosos ao meio ambiente para a transformação das riquezas naturais, como plantas, frutos e fármacos. Basta observar a proposta da Probiomas – Produtos e Serviços Ambientais para entender que as energias renováveis têm tudo a ver com o negócio. Localizada em Belo Horizonte, a empresa dedica-se à valorização dos ativos naturais e mantém projetos de plantio de mudas, principalmente nativas, de implantação de agroindústrias para o beneficiamento de frutos e de energias renováveis voltadas a dois principais nichos: agroindústria e empresas de pesquisa e base tecnológica, via licitações públicas. “Energia renovável é uma questão que me persegue há mais de 30 anos. Comecei minha carreira com isso e nunca ‘arredei o pé’ deste propósito”, brinca Fernando Antônio Madeira, consultor da empresa. Formado em Química e com pós-doutorado em Desenvolvimento Sustentável, ele soma vasta experiência como pesquisador e professor universitário – na Probiomas, participa do desenvolvimento de soluções sociais, ambientais e ecológicas. Atento às movimentações do mercado, Fernando viu no projeto Energia Fotovoltaica a possibilidade de atender a uma necessidade antiga. “Precisávamos de uma plataforma que agregasse diferentes especialidades em uma única rede para potencializar outras etapas do processo, como certificação e importação conjunta para reduzir custos. Quando vi a proposta do Sebrae, pensei: estamos no lugar certo para trabalhar em conjunto, pois temos ao nosso lado uma instituição que apoia os pequenos negócios. Sem organização e o apoio do Sebrae, seria muito difícil alcançar algum diferencial competitivo nesse mercado, que é gigantesco e mundial”, destaca.

Ele diz que os ganhos são percebidos desde a etapa inicial do projeto, das primeiras demandas de organização da empresa às ações de marketing digital e consultorias personalizadas. “O Sebrae trouxe várias ferramentas que estão ajudando a ver o negócio de forma mais estratégica.” Para ele, a troca de experiências entre o grupo também faz a diferença. “Poderíamos andar muito rápido sozinhos, mas fatalmente não iríamos muito longe. São muitas as demandas, não só de capacitação, mas de desenvolvimento de novos produtos e assimilação de novas tecnologias.”

QUEM SÃO AS INTEGRADORAS?

Do inglês Energy Service Companys (Escos), as empresas de integração de usina têm amplo papel dentro da cadeia de energia solar fotovoltaica. Com equipes multiprofissionais, elas oferecem consultoria técnica para atestar a viabilidade do empreendimento, negociam com os melhores fabricantes, instalam os equipamentos e fazem a conexão com as concessionárias. “São intermediários que realizam o processo de A a Z. Por isso, não tenho dúvida de que são um nicho extremamente estratégico na cadeia produtiva, já que se responsabilizam pela articulação com os grandes players de um setor monopolizado e complexo. Muitas integradoras têm relacionamento com várias concessionárias, e algumas se empenham para superar as limitações de acesso a crédito”, explica o analista do Sebrae Minas João Paulo Palmieri.

CRIAÇÃO COLETIVA

Fernando fala com entusiasmo de uma das primeiras ações da Rede Imersol: a concepção coletiva de um pequeno sistema de irrigação com bombeamento fotovoltaico, apresentada durante o seminário Minas Solar. O objetivo da novidade é assistir o pequeno produtor rural. Os testes foram feitos na fazenda experimental da Probiomas, em Santa Luiza. “É um público que enfrenta uma série de dificuldades, entre as quais o alto custo com energia elétrica. Conseguimos demonstrar que a energia solar fotovoltaica não é só para os grandes”, comemora.

AÇÕES DE INCENTIVO

Focado em promover a eficiência energética de micro e pequenas empresas do Estado, em 2018 o Sebrae Minas intensificou as ações para incentivar a geração de energia solar fotovoltaica. Um exemplo é o projeto de consultoria técnica oferecido às interessadas na geração para consumo próprio. A iniciativa alcançou 45 empresas em Pirapora e microrregião (Ibiá, Lassance e Várzea da Palma), Belo Horizonte e Região Metropolitana, microrregião de Divinópolis e ações de estímulo em todo o estado de Minas Gerais, que incluiu estudos de viabilidade econômica e técnica, ações de gestão empresarial e de políticas públicas, qualificação de pessoal, capacitações técnicas, eventos empresariais com as tendências e oportunidades do segmento, elaboração de guias municipais de fomento à utilização de energias renováveis, um amplo estudo da cadeia produtiva de energia solar fotovoltaica no estado de Minas Gerais e acesso ao crédito.

Entre os temas abordados, destacam-se a adaptação de infraestrutura para geração de energia solar, manutenção dos espaços e infraestrutura adequada, eficiência energética, potencial para solar térmico, e avaliação do potencial das usinas fotovoltaicas individuais e coletivas. Uma pesquisa realizada junto às participantes indicou importantes resultados: 74% de redução no consumo de energia elétrica – 54% acima da meta proposta; 87,4% de inserção na cadeia da energia solar fotovoltaica; e 9,2% de aumento da produtividade.

POTENCIAL ENTRE PEQUENOS

Gerar a própria energia para reduzir custos e aumentar a competitividade tem se tornado uma meta crescente entre os pequenos negócios no Brasil. É o que aponta uma pesquisa nacional sobre Energia Solar Fotovoltaica e os Pequenos Negócios, realizada pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade, em parceria com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e a Fundação Seade. O estudo ouviu 3.199 proprietários de microempresas e empresas de pequeno porte. Confira os principais resultados:

  • Cerca de 80% dos pequenos empresários afirmaram conhecer ou já ter ouvido falar sobre a tecnologia.
  • Apenas 0,1% já instalou o sistema de geração distribuída. Destes, 83,9% reduziram os gastos com energia elétrica, e mais da metade (60%) pretende investir mais em energias renováveis.
  • Mais da metade (51,3%) dos empresários que operam com energia solar fotovoltaica investiram recursos próprios na implantação.

CENÁRIO BRASILEIRO

O Brasil alcançou, recentemente, a marca história de 1 gigawatt (GW) de potência instalada em sistemas de micro e minigeração distribuída. São 93.597 sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, trazendo economia e sustentabilidade ambiental a 117.312 unidades consumidoras. Desde 2012, mais de R$ 5,6 bilhões em investimentos, distribuídos entre todas as regiões do país, foram contabilizados. De acordo com o mapeamento da Absolar, o ranking de sistemas instalados é composto da seguinte maneira:

 

 

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